Salomão Moyana, jornalista e comentador, chamou a atenção para as condições deploráveis em que trabalham os chefes de posto administrativo e os chefes de localidade em Moçambique. De acordo com Moyana, que tem contactos em diversas províncias, estes pilares da administração pública operam sem meios básicos de transporte.
A disparidade de recursos é notória: enquanto as administrações distritais melhoraram os seus meios, com carros “razoáveis” para técnicos diversos, a base da hierarquia administrativa carece do essencial. Moyana destaca que “o chefe do posto administrativo e o chefe da localidade nem bicicleta têm, andam a pé”.
Esta carência afecta directamente a governação e o conhecimento sobre o território. O comentador nota que os relatórios sobre o distrito são baseados nos relatórios destes chefes, mas estes são incapazes de visitar povoações e localidades remotas por falta de meios.
O problema da falta de alocação de meios estende-se também à Polícia de Trânsito. Moyana revela que estes agentes não têm viaturas para socorrer acidentes, e ele próprio já deu boleia “várias vezes aos polícias de trânsito para correr de um sítio para irmos ver acidente noutro sítio”. Em condições normais, a Polícia de Trânsito deveria ter uma ambulância e viaturas de socorro às vítimas.
Esta situação contrasta com os apelos à ética, recentemente feitos pelo Ministro do Interior. Moyana defende que a ética deve ser materializada através de recursos adequados, afirmando que: “a ética tem que se consubstanciar também na alocação de meios para que as pessoas possam trabalhar à vontade”.
Salomão Moyana critica o que considera ser uma inversão de prioridades no país. Ele convida a comparar “a frota que anda atrás de um secretário de Estado quando vai visitar um distrito e ver a frota que fica na localidade e no chefe do posto administrativo, que não fica nada”. Concluindo a sua análise, Moyana afirma que a situação da administração local e da polícia de trânsito é grave: “eu penso que está tudo invertido”.