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Dream Life in Paris

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“A vida já me ensinou a perdoar”: A história do homem que herdou o azar da hipertensão depois de expulsar o enteado

Após expulsar o filho da sua falecida companheira, Joaquim enfrentou sozinho a mesma doença que vitimara a mulher. Anos depois, reencontrou o jovem — agora médico — que lhe trouxe não só a cura, mas também o perdão.

Era uma manhã cinzenta quando Joaquim regressou do hospital, trazendo nos olhos a sombra de uma notícia que jamais esperava ouvir. O diagnóstico era claro: hipertensão. Uma enfermidade silenciosa, que já lhe havia levado pessoas próximas, agora instalava-se no seu corpo como uma maldição inevitável.

Anos antes, o mesmo mal havia vitimado Lena, a mulher que ele amara, mas da qual se afastara por orgulho e incapacidade de lidar com as fragilidades do destino. Foi durante aquele período de luto que tomou a decisão mais dura e, talvez, a mais cruel da sua vida.

No dia do funeral de Lena, ainda com a dor fresca no peito, Joaquim virou-se para o filho que ela tivera antes de o conhecer. Um jovem de apenas dezassete anos, chamado Mauro. Sem pensar duas vezes, ordenou que ele deixasse a casa.

“Esta não é a tua casa”, disse-lhe com voz fria. Mauro, com lágrimas a escorrer pelo rosto, pegou numa pequena mala e desapareceu pela rua poeirenta, levando consigo apenas as roupas que lhe couberam nas mãos e a ferida de um abandono inesperado.

Naquele momento, Joaquim sentiu-se no direito de impor ordem no seu espaço. Justificou-se a si mesmo, dizendo que precisava recomeçar, apagar memórias e seguir em frente. Contudo, no fundo, havia uma semente de amargura e egoísmo que ele nunca reconheceu em voz alta.

Os anos passaram. Joaquim voltou a viver sozinho, sem companheira e sem filhos que lhe fizessem companhia. O silêncio da casa tornava-se cada vez mais pesado, mas ele habituou-se a conviver com as paredes vazias e a lembrança amarga de Lena.

Foi então que a doença começou a dar sinais. Primeiro, o cansaço inexplicável; depois, as tonturas frequentes; por fim, as idas urgentes ao hospital. O diagnóstico caiu sobre si como um castigo divino: hipertensão crónica, a mesma que havia levado Lena.

Joaquim sentiu-se traído pela vida. Como podia o mesmo mal que destruíra a mulher que amava agora atormentá-lo? Era como se o destino lhe dissesse que não existe fuga possível daquilo que se semeia.

Recordava-se, com frequência, do olhar de Mauro ao ser expulso. Um olhar de dor, mas também de reprovação silenciosa. Nunca mais tivera notícias dele. Perguntava-se se estaria vivo, se teria encontrado um rumo ou se a vida o arrastara para becos sem saída.

Com o avanço da doença, Joaquim experimentou as limitações que antes nunca imaginara. Subir escadas era um suplício, caminhar longas distâncias tornou-se impossível, e até o simples ato de dormir transformou-se em luta constante contra a insónia e o medo.

Foi neste estado de fragilidade que ele compreendeu o valor da compaixão que negara anos atrás. Percebeu que, ao expulsar Mauro, não apenas abandonara um jovem órfão, mas também condenara a si mesmo a uma solidão irredutível.

As visitas ao hospital tornaram-se frequentes. Lá, Joaquim testemunhava histórias de outras pessoas que também sofriam com a hipertensão. Alguns eram jovens, outros idosos. Todos tinham em comum a necessidade urgente de tratamento.

Para sua surpresa, descobriu que em Moçambique já se dispunha de novas terapias eficazes, capazes de controlar e até oferecer cura definitiva para a hipertensão. Algo impensável no tempo em que Lena ainda vivia.

A notícia deu-lhe esperança, mas também um peso de arrependimento. Se aquele avanço tivesse surgido antes, talvez Lena ainda estivesse ao seu lado, sorridente, cuidando dele. Talvez Mauro ainda estivesse em casa, como filho e companheiro.

Numa das suas visitas, cruzou-se com um jovem médico voluntário. Alto, seguro e de olhar sereno. Joaquim ficou impressionado com a sua postura e, ao ouvir o nome, ficou sem chão: chamava-se Mauro Mondlane.

Era o mesmo menino que expulsara anos antes. Agora homem, formado, dedicava a sua vida a salvar pacientes como ele. O reencontro foi silencioso. Mauro reconheceu-o, mas não lhe dirigiu qualquer palavra de reprovação. Limitou-se a tratá-lo como mais um doente.

Joaquim, engasgado em lágrimas, pediu-lhe perdão. Disse que não tinha justificativas para o gesto cruel do passado. Mauro apenas respondeu: “O que importa agora é que está vivo e podemos tratá-lo. A vida já me ensinou a perdoar.”

Aquelas palavras, carregadas de humanidade, esmagaram-lhe o coração. O filho da mulher que amara, o mesmo que expulsara sem piedade, era agora quem lhe devolvia a esperança e a possibilidade de viver.

Com o tratamento adequado, Joaquim começou a recuperar forças. A hipertensão já não era mais uma sentença de morte, mas sim um desafio superável. Contudo, ele sabia que nenhum remédio seria suficiente para apagar a marca do erro cometido no passado.

Hoje, sentado à varanda da sua casa, observa o pôr-do-sol com um misto de gratidão e arrependimento. A cura que o país conquistou trouxe-lhe vida, mas o verdadeiro milagre foi o perdão do filho que não era seu e que, mesmo assim, se revelou mais filho do que qualquer outro poderia ter sido.

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Author: horacertanews

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