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Xivotxongo: O Álcool Barato Que Afoga Vidas e Dignidade em Maputo

Maputo, Moçambique – Rostos cansados e envelhecidos, muitos aparentando décadas a mais do que a idade real. Crianças, adolescentes e adultos cambaleando ou já derrotados. Todos vítimas de uma bebida espiritual de baixo custo, conhecida popularmente como Chivotxongo. Este dossier expõe um problema crescente nos centros urbanos de Moçambique, agravado pela proliferação de álcool barato e de fácil acesso, uma ameaça silenciosa que devasta a juventude da capital.

Um Gole Após Outro: A Viagem ao Abismo

As bebidas espirituosas de baixo custo, vendidas a preços inferiores a 50 meticais e encontradas em qualquer esquina, conduzem os consumidores a uma trajectória cujo destino é muitas vezes o abismo.

Artur Afonso, vendedor ambulante de 30 anos, recorre ao Xivotxongo para ter energia durante o dia:

«Bebo isso aí para poder ter aquela energia aí para poder ter força para poder fazer».

«Eu sempre quando acordo nas manhãs sempre me dá uma vontade para poder consumir o álcool. Sento-me e pá, uma coisa normal, meu. Fico à vontade. Já não sinto aquelas dores que eu já vinha a sentir. Yah, fico à vontade».

Gildo Chilaúle, que iniciou o consumo de bebidas espirituosas aos 16 anos por influência de amigos e mantém o hábito uma década depois, explica o efeito temporário que o álcool proporciona:

«O álcool por vezes alivia certos problemas. Posso ter passado um problema há minutos atrás e vou lá, penso no álcool, tiro aquela moeda que eu tenho, consegui trabalhar, não tenho como. Podemos consumir o álcool e ficarmos o quê? Embriagados. E após ficar, ficar, ficar embriagado a gente já não tem mais o conhecimento do quê, da mente. Eles e a mente desassociam-se».

João David, de 42 anos, revela que o Xivotxongo tornou-se um refúgio para noites mal dormidas e pesadelos:

«Se eu consumir o álcool há de me pôr normal. Agora se eu não consumir, fico agitado. Não vou mentir porque eu consigo ficar todo o dia sem beber, mas quando chega o fim do dia, quando durmo, não consigo dormir. Tenho pesadelo. Tenho o quê? Então prefiro sair beber para conseguir dormir. Eu me estou a me a refugiar num álcool».

O refúgio, contudo, é traiçoeiro. Muitos parceiros de consumo de João David acabam por “apanharem verdoso alcoólatra”, entrando em coma e morrendo no local onde bebem.

O Preço da Energia: A Degradação do Corpo e da Mente

O consumo excessivo de Xivotxongo causa danos sérios à saúde, afectando fígado, coração e mente. A pele denuncia envelhecimento precoce, como no caso de Gildo, de apenas 26 anos.

Um médico de clínica geral e director do serviço de urgências do HCM explica que as complicações incluem:

  • Doenças coronárias e cardiomiopatia dilatada, onde o coração falha em bombear sangue adequadamente.
  • Tumores na garganta e no esófago.
  • Doenças hepáticas, como esteatose hepática, que pode evoluir para cirrose irreversível.
  • Intoxicação grave, com dificuldades respiratórias, alterações de electrólitos e níveis baixos de glicose, podendo levar ao coma ou morte.
  • Carência de vitaminas e nutrientes, resultando em pele transfigurada.
  • Alucinações, perda de memória e comportamentos violentos, decorrentes do consumo crónico.

Internamentos disparam e mortes ocultas

Apesar da gravidade, grande parte dos óbitos ocorre fora das unidades sanitárias, nos bairros e locais de consumo. O Hospital Central de Maputo registou apenas um óbito por intoxicação alcoólica até Julho de 2025, uma redução em relação aos cinco casos de 2024.

«Eu creio que não é o grande local onde acontece os óbitos, vítimas de intoxicação alcoólica, mas sim nos bairros, nos locais onde eles consomem, porque ficam naquele ânimo de consumir grandes quantidades, consumir aquela euforia, depois descontrola-se, entra em coma e morrem».

No Hospital Psiquiátrico de Infulene, adultos de 18 a 60 anos são atendidos, e no primeiro trimestre de 2025 foram internados 250 pacientes com problemas relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas, igualando o total de todo o ano de 2024.

«Aquilo que a gente assiste e vê na sociedade, no dia-a-dia, vai-se reflectir aqui no internamento. Estamos a receber cada vez mais casos para internamento».

Adolescentes também estão a ser atendidos em consultas externas, e o álcool é a principal substância que leva ao internamento psiquiátrico.

Produção dubitável e consumo por menores

A STV apurou que o Xivotxongo é produzido em fábricas cuja legalidade é duvidosa. Pelo menos quatro fábricas foram identificadas nos municípios da Matola e Vila da Matola Rio, mas três não constam nos endereços indicados.

A APIBA confirma a dificuldade de fiscalização:

«A PIBA está a colaborar com as entidades competentes para primeiro tentar localizar quem, como e onde são produzidas essas bebidas, porque é o primeiro trabalho de base. Não podemos primeiro procurar medidas de sancionar sem saber a quem sancionar».

O álcool contém metanol, tóxico para consumo humano, e análises da UP MAPUTO mostraram discrepâncias entre o teor alcoólico declarado e o real, com percentagens acima ou abaixo do informado.

Um docente investigador da UEM reforça:

«O álcool para consumo humano deve ser feito à base de etanol de origem agrícola, não sintética. O metanol, aldeídos e álcoois superiores são contaminantes indesejáveis, e se presentes, devem estar em quantidades previstas pela legislação».

O consumo acontece inclusive em escolas e suas imediações, com alunos uniformizados escondendo Xivotxongo em garrafas de água ou bebedouros, apesar de a lei proibir venda e consumo a menores e a menos de 500 metros de estabelecimentos de ensino.

O Desafio da Fiscalização e a Resposta Governamental

O alcoolismo tende a agravar-se na cidade de Maputo. O Presidente da República reconheceu o problema:

«Então o outro aspecto que nós registramos aqui é este destas bebidas que estão a fazer mal à juventude. Eu pessoalmente levantei isso no início, porque ando muito preocupado com isso. Estou feliz porque os líderes religiosos também sentiram essa preocupação que eu tenho no seio dos nossos líderes religiosos, e alguma coisa temos que fazer e nós já começamos a trabalhar neste sentido».

O governo revisa o regulamento sobre produção, comercialização e consumo de bebidas alcoólicas, estabelecendo que o álcool etílico deve ser exclusivamente de origem agrícola, proibindo álcool sintético ou não agrícola.

«O que está em causa no que diz respeito aos vulgos Xivotxongo é a fonte de produção desse álcool. O álcool etílico pode derivar de diferentes fontes, quer artificiais, quer agrícolas. Claramente essa norma estabelece que só é possível produzir bebidas espirituosas com base em álcool etílico de fonte agrícola, porque quanto mais artificial, mais prejudicial».

O controlo de ingredientes, produtores e processos de comercialização, com aplicação de sanções, é o foco da revisão.

Enquanto as medidas não se materializam, o consumo de Xivotxongo continua a proliferar, afectando jovens, inclusive menores, causando danos irreversíveis à saúde e à sociedade moçambicana. O problema reflete não só a saúde pública e a legalidade, mas também o espelho de uma sociedade em construção.

horacertanews
Author: horacertanews

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